Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) nasceu na cidade do Porto.
Descendente de uma família de aristocratas, Sophia viveu no que é hoje o Jardim Botânico do Porto (na altura, Quinta do Campo Alegre), espaço que era uma fonte de inspiração para a poetisa, tendo sido a natureza um dos temas mais importantes da sua obra. Estudou Filosofia Clássica na Universidade de Lisboa, entre 1936 e 1939.
Começou a escrever poesia aos 12 anos, e aos 25 (em 1944), lançou o “Primeiro livro Poesia,” uma coletânea de poemas que escrevera até então, numa edição de 300 exemplares financiada pelo seu pai. Nesse mesmo ano escreveu diversas poesias, entre elas, “O Jardim e a Casa”, “Casa Branca”, “O Jardim Perdido” e “Jardim e a Noite”, obras que nos transportam para a sua infância e juventude. Alguns temas são constantes nas suas obras, como a “natureza”, “a cidade”, “o tempo” e “o mar”. Tem uma importante obra para crianças e foram os seus filhos, que a motivaram a escrever contos infantis, entre eles, “A Menina do Mar” (1961) e “A Fada Oriana” (1964).
Na segunda metade dos anos 50, manifestou abertamente a sua oposição ao salazarismo, sendo vários os poemas da autora que expressam um ataque ao regime, sobretudo nos seus livros” Mar Novo”, publicado em 1958, e o “Livro Sexto”, publicado em 1962, – no qual Salazar é retratado como um “velho abutre” cujos discursos “têm o dom de tornar as almas mais pequenas”.
Além de ser autora de diversos livros de poesia escreveu também contos, artigos, ensaios e peça teatral. Traduziu para o português as obras de Eurípedes, Shakespeare, Dante e Claudel e para o francês traduziu Camões, Mário Sá-Carneiro, Cesário Verde, Fernando Pessoa, entre outros.
Sophia de Mello Breyner recebeu diversos prémios, entre eles, o título Honoris Causa, em 1998, pela Universidade de Aveiro; foi a primeira mulher a receber o Prémio Camões, o maior prémio literário da língua portuguesa (1999); o Prémio de Poesia Max Jacob (2001); o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores (SPE) e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana em 2003.
Faleceu aos 84 anos, no dia 2 de julho de 2004, em Lisboa, no Hospital Pulido Valente. A 2 de julho de 2014, o seu corpo foi transladado para o Panteão Nacional – foi a segunda mulher lá sepultada (a primeira foi a fadista Amália Rodrigues). Contudo, a memória que nos fica de Sophia é, sobretudo, a de uma mulher que amou a natureza, o mundo, as palavras e o seu poder de transformá-lo. Durante a cerimónia de transladação, Rita Sousa Tavares, sua neta, recordou aquele que foi um dos seus grandes amores – o mar -, ao qual a autora dedicou inúmeros poemas: “Se lhe dessem a escolher entre um prémio literário e um último mergulho no mar, preferia o mergulho no mar”.
Desde 2005 os seus poemas foram colocados em exposição permanente no Oceanário de Lisboa.
Obras
Professora Maria de Fátima Caetano Pereira
Fontes
Fnac
Bertrand
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