segunda-feira, 6 de novembro de 2023

A felicidade está nas pequenas coisas

Desfruta das pequenas coisas. 
Um dia podem tornar-se as maiores da tua vida.
Robert Brau
 
Era um daqueles dias de múltiplos afazeres e eu já estava atrasada nas tarefas de casa.
Há  séculos  que  não  ia  ao  supermercado  e  faltava  quase  tudo  na  despensa.  A  roupa  para  lavar empilhava-se,  cada  vez  mais,  no  cesto,  e  a  casa  tinha  ultrapassado  os  meus,  bastante  flexíveis, padrões de limpeza. Como se isto não bastasse, tinha de entregar dois artigos e precisava, por isso, de passar algum tempo diante do computador.
Os  meus  quatro  filhos  não  tinham  aulas  naquele  dia.  Encantados  por  estar  em  casa,  perguntavam-me,  constantemente,  o  que  iríamos  fazer.  Mas  eu  sabia  que  os  meus  planos  os  iam  desapontar. Nenhum deles era divertido e especial. 
Quando  acordaram,  deram-se  conta  de  que  não  tinham  as  taças  de  cereais  prontas,  porque  não havia leite. Só cereais secos... e eles não gostavam muito... Também não havia ovos ou pão, o que reduzia  em  muito  as  opções  do  pequeno-almoço.  Bem  procurei  no  congelador  uma  embalagem de waffles congeladas, mas não tive sorte. Acabei por encontrar um pacote de bolachas de manteiga. Reguei-as com açúcar e canela, pu-las no forno, e dei-as aos miúdos. 
— Lamento não poder oferecer-vos algo de melhor, mas não tenho tempo para ir às compras. 
Nem  sequer  responderam,  demasiado  ocupados  que estavam  a  enfiar os  rolinhos de  canela improvisados na boca. 
Depois do pequeno-almoço, pus uma máquina de roupa a lavar e sentei-me ao computador. A minha filha mais nova, Julia, veio ter comigo com uma cara de quem está prestes a chorar. 
— Ó mãe, nós achávamos que hoje nos íamos divertir. É o nosso dia de folga! 
— Sei que é o vosso dia de folga, mas não é o meu — respondi. — Tenho trabalho para fazer. 
— Não podes brincar comigo aos cabeleireiros? — pediu. 
Suspirei. Não tinha tempo para brincar, porque tinha trabalho urgente para fazer. 
Foi então que tive uma ideia: 
— E se brincássemos enquanto eu trabalho? — propus-lhe.
E foi assim que escrevi um artigo, enquanto ela me pintava as unhas dos pés. 
O meu filho mais velho, Austin, ofereceu-se para fazer o almoço para eu poder continuar a trabalhar. Os  mais  novos  ficaram  encantados  com  as  escolhas  dele.  Não  que  fossem  dignas  da  pirâmide alimentar, mas eles gostaram e pude, assim, acabar o meu segundo artigo. 
Pouco  antes  do  almoço,  fomos  todos  ao  supermercado.  O  Austin  empurrou  o  carro,  enquanto  os irmãos  pegavam  em  cupões  espalhados  pela  loja.  Consegui  comprar  o  que  queria,  mais  alguns produtos extra selecionados pelos meus acompanhantes. 
De volta a casa, os miúdos resolveram “brincar aos supermercados” com os cupões que tinham arranjado. Alinharam as latas nos balcões da cozinha e as refeições ligeiras na ilha central, e fingiram que estavam a vender o que tínhamos comprado.
Durante o resto da tarde, limpei a casa, dobrei a roupa, e comecei a fazer o jantar. 
Os miúdos só interromperam o jogo com a chegada do pai. 
Quando o meu marido, Eric, me viu, perguntou, com um sorriso rasgado: 
— Então, que tal a folga de hoje? 
Quando comecei a dizer que não tínhamos feito nada de especial, a Julia interrompeu-me:
— Pai, viste as unhas da mãe? Ela deixou-me sentar debaixo da mesa do computador e eu pintei-as enquanto ela escrevia. Foi tão divertido! 
O Austin continuou: 
—  Hoje  comemos  o  melhor  pequeno-almoço  de  sempre!  Já  fizeste  aquelas  bolachas  para  o  pai? Eram fantásticas! 
O Eric olhou para mim, com um ar interrogador. Encolhi os ombros. Os meus filhos do meio, o Jordan e a Lea, revezaram-se a dizer ao pai que tinham jogado com os cupões e que o Austin tinha feito um almoço especial. 
— Foi um dia ótimo, pai! Foi espetacular! 
Olhei para  as caras deles, cheias de entusiasmo. Entusiasmo com um pequeno-almoço a fingir, um almoço improvisado, cupões de um supermercado, e umas unhas pintadas. 
— Tiveram mesmo um dia bom? Não ficaram desapontados por não termos feito algo de especial? 
O Austin encolheu os ombros e disse: 
— A vida é tão divertida quanto a fizermos! 
Concordei  com  um  aceno.  A  felicidade  está  mais  na  atitude  do  que  nas  circunstâncias.  Abracei  os meus filhos e agradeci-lhes por me lembrarem que devia procurar a felicidade nas pequenas coisas. 
A Julia sorriu e disse: 
— São as pequenas coisas que nos fazem mais felizes, não são, mãe? 
Os meus filhos são mesmo inteligentes...  
Diane Stark 

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