Boas Festas!

Quando estamos presos, as datas festivas são as ocasiões mais tristes do ano. Aniversários, comemorações, o Natal, até mesmo o Dia dos Namorados, podem revelar-se bastante deprimentes. É difícil e doloroso estar longe daqueles que amamos, e sentir que fomos deixados de fora das celebrações e dos momentos que criam novas e boas recordações.

As festas de anos na prisão decorrem sem o aconchego de um bolo de aniversário, e sem o momento mágico do apagar das velas. Nas manhãs do Dia de Natal, não existe árvore nem há presentes.

Confesso que o meu primeiro aniversário na prisão foi passado entre sentimentos de raiva e autocomiseração. No primeiro Natal, nem sequer saí da cama: fiquei todo o dia debaixo dos cobertores para esconder as lágrimas que me corriam pela cara abaixo.

Por isso é que as festas são o pior momento do ano na prisão. Pelo menos, eu assim pensava antes de tomar consciência de algumas coisas. Por exemplo, se despirmos as festas do comércio e da agitação que também as carateriza, damo-nos conta de que essas datas podem ser formas de refletir sobre a nossa vida, sobre os nossos sucessos e fracassos, e são também uma maneira de passar tempo de qualidade com as pessoas que amamos.

Seja lá fora ou aqui dentro, podemos continuar a fazer um balanço das nossas vidas, a fazer planos, a sonhar sonhos, e a examinar o nosso comportamento, a fim de ver aquilo em que devemos continuar a apostar e aquilo que devemos descartar. Até mesmo dentro da prisão, temos o poder de mudar aquilo que achamos que fica aquém do nosso ideal de ser humano.

Claro que aqui é difícil não poder passar tempo de qualidade com aqueles que amamos. Mas é um facto que as pessoas de quem gostamos estão sempre connosco — nos nossos corações e mentes. E que nós também continuamos a estar com elas em espírito.

Não são os outros que nos fazem felizes. É verdade que lugares e pessoas especiais podem ajudar a melhorar a nossa disposição, mas, na realidade, o espírito de festa e o amor brotam sempre do nosso interior. É fácil utilizar as festas como desculpa para estarmos tristes ou irritados. Sei bem do que falo.

Contudo, o verdadeiro desafio que enfrentamos é celebrar cada dia como se fosse um dia especial. A vida é uma dádiva preciosa, quer estejamos na prisão ou não.

Por isso estou a planear fazer uma festa de celebração da vida em cada dia do ano que se avizinha. Uma festa para a qual estão, desde já, convidados.

Boas Festas! É favor confirmar presença.

Daryl D. Foley

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