Era uma vez uma jovem que estava à espera do seu voo na sala de embarque de um grande aeroporto.
Como tinha de esperar longas horas, resolveu comprar um livro para ocupar o tempo. Comprou também um pacote de bolachas.
Sentou-se numa poltrona, na sala VIP do aeroporto, para poder descansar e ler tranquilamente. Ao seu lado, sentou-se um homem.
Quando a jovem pegou na primeira bolacha, o homem também pegou numa. Ela sentiu-se indignada, mas nada disse. Limitou-se a pensar: “Que descaramento! A minha vontade era dar-lhe uma bofetada para ele aprender!!”
Sempre que tirava uma bolacha, o homem fazia o mesmo. Ela sentia-se de tal modo indignada que nem conseguia reagir. Quando restava uma única bolacha, pensou: “O que é que este descarado vai fazer agora?”
Então, o homem partiu a última bolacha ao meio, deixando-lhe uma das metades.
Ah! Era demais! A ferver de raiva, a jovem pegou no livro e nas suas malas e dirigiu-se ao local de embarque.
Quando, já confortavelmente sentada no avião, olhou para dentro da sua bolsa para retirar uma caneta, verificou, para cúmulo da surpresa, que o pacote de bolachas ainda se encontrava lá… intacto!
Sentiu uma imensa vergonha. Só então percebera que quem tinha procedido mal fora ela, sempre tão distraída! Tinha-se esquecido de que metera as bolachas na carteira.
O homem dividira as bolachas dele sem dar mostras de indignação nem de cólera, enquanto ela tinha ficado enfurecida ao pensar que estava a dividir as suas bolachas com ele. Já não havia tempo para se explicar… nem para pedir desculpa.
Quantas vezes, na nossa vida, não comemos as bolachas dos outros sem termos consciência disso?
***
Antes de tirar conclusões, reflita.
Talvez as coisas não sejam exatamente como pensa. Não julgue os outros sem os conhecer.
Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
- a pedra, depois de atirada;
- a palavra, depois de proferida;
- a ocasião, depois de perdida;
- o tempo, depois de passado.
Nilton J. de Souza
(Adaptação)
Sem comentários:
Enviar um comentário