Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19
de janeiro de 1923 no Fundão. Manteve sempre uma postura de independência
relativamente aos vários movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao
longo de mais de cinquenta anos de atividade poética.
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparados, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Revelou-se
em 1948, com “As Mãos e os Frutos”, a que se seguiria, em 1950, “Os Amantes sem
Dinheiro”. Eugénio de Andrade publicou mais de vinte
livros de poesia, publicou obras em prosa, antologia, livro infantil e
traduziu, para o português, livros do poeta Frederico Garcia Lorca, José Luís
Borges, René Char.
Entre os
poemas de Eugénio, destaca-se "As Palavras". Os seus livros foram traduzidos em muitos países e ao longo
da sua vida foi distinguido com inúmeros prémios. Entre outros foi-lhe
atribuído o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a Grã-Cruz
da Ordem de Mérito, o Prémio da Associação Internacional dos Críticos
Literários, O Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (da
ex-Jugoslávia), o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores
e o Prémio Camões, em 2001.
Morreu a
13 de junho de 2005 no Porto, cidade que o acolheu mais de metade da sua vida.
As Palavras
São como um cristal,as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparados, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade in Até Amanhã
Professora Maria de Fátima Caetano Pereira
Fontes
Fnac
Bertrand
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