Numa folha de papel quadriculado passa-se cada coisa...
Às vezes, passam-se contas. É o mais normal. Nem sempre as contas batem
certo, apesar dos quadrados quadradinhos, muito certinhos, terem sido feitos
para contas muito bem contadas, certeiras, certinhas, acertadas.
Quando a conta não está certa, risca-se ou apaga-se. A folha quadriculada
tudo consente, mas no fundo, é muito exigente.
Mas há mais: Onde estão contas, podem estar contos...
Às vezes, numa folha de papel quadriculado, acontecem histórias. São
estas as autênticas, as primeiras histórias em quadradinhos. Como a que vamos
contar.
Numa folha de papel quadriculado dum caderno escolar, encontraram-se um
quadrado, completamente quadrado, e um triângulo muito triângulo. E muito
impertinente.
– Estás sempre na mesma. És quadrado, só quadrado e, dês as voltas que
deres, ficas sempre quadrado. Pff! Que figura geométrica mais sem jeito. Que
monotonia.
O quadrado calado, muito calado, só ouvia. Continuava o triângulo:
– Eu sim, sou variável. Umas vezes faço-me triângulo equilátero. Outras,
isósceles. Outras, escaleno. Sou um triângulo de muitas formas e feitios. Gosto
de variar.
O quadrado calado, calado ficou. Então o triângulo arrebitado,
espevitou-o:
– Não dizes nada? Vê-se que estás amachucado com a minha sapiência, com a
minha variedade. Não é assim, ó quadrado?
Então o quadrado não se conteve mais e ripostou:
– Vai falando, vai, triângulo presunçoso, mas olha que iguais a ti já eu
tenho dois, cá dentro!
Então o triângulo ficou tão enfiado que pediu a uma borracha que o
apagasse.
Ilustração
de Cristina Malaquias
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sábado, 2 de janeiro de 2021
Conto do mês - Histórias em Quadradinhos
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