O Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, celebra-se no dia 1.º de Fevereiro. É um projeto incrível criado pela organização não governamental LitWorld com o intuito de promover a prática da leitura em voz alta em todo o mundo. Tem como finalidade erradicar a iliteracia e à qual o Plano Nacional de Leitura se associou.
Este ano, a Biblioteca desafia professores, alunos e restante comunidade educativa a partilhar Leituras em Voz Alta.
Entre os dias 1 e dia 7 escolham um poema, um excerto de um livro, uma mensagem escrita, gravem e enviem para: biblioteca@aelordelo. edu.pt.
Não se esqueçam de indicar as referências bibliográficas, ainda que sejam da própria autoria. A gravação poderá ser em formato áudio ou vídeo.
Este ano, a Biblioteca desafia professores, alunos e restante comunidade educativa a partilhar Leituras em Voz Alta.
Entre os dias 1 e dia 7 escolham um poema, um excerto de um livro, uma mensagem escrita, gravem e enviem para: biblioteca@aelordelo.
Não se esqueçam de indicar as referências bibliográficas, ainda que sejam da própria autoria. A gravação poderá ser em formato áudio ou vídeo.
Participem!
Divulguem!
Contamos com todos!
Divulguem!
Contamos com todos!
Conto do mês - O menino que cresceu no jardim
Era nisso que
o menino acreditava: se as flores crescem assim, por que razão não crescerei
eu, também, com a ajuda da água? E o jardineiro lá lhe fazia a vontade:
regava-o, com delicadeza, como regava as suas mais belas plantas.
Devido a esta mistura com o jardim ou talvez por causa de qualquer outra razão misteriosa este menino cheirava tão bem que as abelhas não o largavam. Porém, rodeavam-no com modos pacíficos. Que simpáticas eram as abelhas! Como se fossem animais domésticos, amestrados. As minhas abelhas, dizia o menino.
E sucedia algo ainda mais estranho: as abelhas, em vez de fazerem aquele barulho desagradável que faz tremer os ouvidos, produziam, pelo contrário, uns sons suaves, melodiosos: como sons de piano. E o menino ficava tão embalado com a música suave deixada no ar pelas abelhas que adormecia três vezes por dia; o que era francamente melhor do que só adormecer uma.
As abelhas, além de se portarem como uma orquestra privada, ainda deixavam, como presente, algum mel no copo que o menino costumava trazer.
No final de semana, o menino ia vender o mel para o mercado. As abelhas, entretanto, não paravam de andar à volta dele, tocando música e depositando mel no copo, mal este se esvaziava.
Com este negócio o menino ganhou bastante dinheiro. Com o dinheiro ele pensava que conseguia crescer muito mais rápido do que o normal e que apenas em cinco anos ficaria um adulto grande. O certo é que não aconteceu isso. Mesmo com muito dinheiro o menino não cresceu mais rápido, cresceu ao ritmo de todos os outros colegas da escola. Percebeu nessa altura que o dinheiro não dava para tudo, mas só mais tarde agradeceu essa lentidão no crescimento.
O dinheiro não dava para crescer, mas a água sim.
A seu pedido, o jardineiro continuava a regá-lo todos os dias. Ele crescia ao mesmo ritmo que os outros, mas a água permitia que ele crescesse com um perfume emprestado das flores. E as abelhas continuavam a rodear-lhe a cabeça.
Durante alguns meses imaginou em adulto vir a ser um príncipe, mas depois cansou-se de imaginar os outros todos a curvarem-se à sua frente, cheios de respeito. Pensou que se viesse a ser príncipe provocaria muitas dores de costas nos seus amigos, que estariam sempre a curvar-se diante dele, e por isso quis, logo ali, antes dos dez anos, mudar de profissão. Não iria ser príncipe.
Decidiu, então, ser maestro, e transformou-se rapidamente (na sua imaginação) no maestro mais famoso do mundo. E era um maestro famoso precisamente porque não precisava de orquestra. Eram as abelhas que faziam todos os sons à volta da sua cabeça. Cada movimento das suas mãos provocava um movimento harmonioso das abelhas, e deste movimento nasciam belos sons.
A verdade é que, mais tarde, em adulto, o menino não foi príncipe nem maestro.
Escolheu uma profissão bem mais modesta: foi jardineiro. Considerava-se mesmo o jardineiro mais feliz do mundo. E tinha razões para isso. Eram muitas já as crianças que iam ao seu jardim, pedir para serem regadas de modo a crescerem saudáveis e cheirosas como ele, o jardineiro que na infância tinha sido um menino com muita imaginação.
Devido a esta mistura com o jardim ou talvez por causa de qualquer outra razão misteriosa este menino cheirava tão bem que as abelhas não o largavam. Porém, rodeavam-no com modos pacíficos. Que simpáticas eram as abelhas! Como se fossem animais domésticos, amestrados. As minhas abelhas, dizia o menino.
E sucedia algo ainda mais estranho: as abelhas, em vez de fazerem aquele barulho desagradável que faz tremer os ouvidos, produziam, pelo contrário, uns sons suaves, melodiosos: como sons de piano. E o menino ficava tão embalado com a música suave deixada no ar pelas abelhas que adormecia três vezes por dia; o que era francamente melhor do que só adormecer uma.
As abelhas, além de se portarem como uma orquestra privada, ainda deixavam, como presente, algum mel no copo que o menino costumava trazer.
No final de semana, o menino ia vender o mel para o mercado. As abelhas, entretanto, não paravam de andar à volta dele, tocando música e depositando mel no copo, mal este se esvaziava.
Com este negócio o menino ganhou bastante dinheiro. Com o dinheiro ele pensava que conseguia crescer muito mais rápido do que o normal e que apenas em cinco anos ficaria um adulto grande. O certo é que não aconteceu isso. Mesmo com muito dinheiro o menino não cresceu mais rápido, cresceu ao ritmo de todos os outros colegas da escola. Percebeu nessa altura que o dinheiro não dava para tudo, mas só mais tarde agradeceu essa lentidão no crescimento.
O dinheiro não dava para crescer, mas a água sim.
A seu pedido, o jardineiro continuava a regá-lo todos os dias. Ele crescia ao mesmo ritmo que os outros, mas a água permitia que ele crescesse com um perfume emprestado das flores. E as abelhas continuavam a rodear-lhe a cabeça.
Durante alguns meses imaginou em adulto vir a ser um príncipe, mas depois cansou-se de imaginar os outros todos a curvarem-se à sua frente, cheios de respeito. Pensou que se viesse a ser príncipe provocaria muitas dores de costas nos seus amigos, que estariam sempre a curvar-se diante dele, e por isso quis, logo ali, antes dos dez anos, mudar de profissão. Não iria ser príncipe.
Decidiu, então, ser maestro, e transformou-se rapidamente (na sua imaginação) no maestro mais famoso do mundo. E era um maestro famoso precisamente porque não precisava de orquestra. Eram as abelhas que faziam todos os sons à volta da sua cabeça. Cada movimento das suas mãos provocava um movimento harmonioso das abelhas, e deste movimento nasciam belos sons.
A verdade é que, mais tarde, em adulto, o menino não foi príncipe nem maestro.
Escolheu uma profissão bem mais modesta: foi jardineiro. Considerava-se mesmo o jardineiro mais feliz do mundo. E tinha razões para isso. Eram muitas já as crianças que iam ao seu jardim, pedir para serem regadas de modo a crescerem saudáveis e cheirosas como ele, o jardineiro que na infância tinha sido um menino com muita imaginação.
Gonçalo M. Tavares